sexta-feira, 22 de março de 2013

Noivas vestem branco para pedir paz em casamento gay com 32 noivos

Cerimônia coletiva foi em cartório de Campinas nesta quinta-feira (21). 'Satisfação', diz enfermeira ao usar sobrenome de companheira pela 1ª vez.

Enquanto muitos optaram por ternos e vestidos de noivas sofisticados - alguns até extravagantes -, a recepcionista Nareman e a enfermeira Delisie Martins de Souza preferiram simplificar no traje usado durante a cerimônia do 1º casamento gay coletivo de Campinas (SP), na tarde desta quinta-feira (21). A escolha pela cor branca e poucos adereços, explicaram, foi para pedir paz e valorizar a real simbologia da união.
"O mais interessante é o significado do casamento. Frequentamos a umbanda e o branco é tradicional e representa a luta contra o preconceito", reiterou Nareman, de 55 anos. A cerimônia presidida pela juíza de paz Aline Priego, no 3º Cartório de Registro Civil, reuniu 16 casais - sendo 12 constituídos pela união entre mulheres. Veja fotos da cerimônia.
Sobre o fato da união entre mulheres ter representado 75% do casamento coletivo, Nareman considera que o público masculino é alvo de mais mais preconceito. "Acredito que seja mais agressivo contra eles, há muitas pessoas escondidas", ponderou.
Festa
Antes de iniciar a confraternização promovida pelos recém-casados para convidados na Estação Cultura, a enfermeira mostrou entusiasmo ao mencionar o mesmo sobrenome da companheira, após 13 anos de relacionamento.

"Satisfação. Esta é a melhor palavra", resumiu Delisie, de 36 anos. O casal possui união estável há cinco anos e passará a lua de mel na Praia do Itararé, São Vicente, litoral de São Paulo. "Lá existe um espaço para o público LGBT. Viajamos amanhã", disse Nareman.

Medo da exposição
Embora acreditem que o casamento coletivo tenha sido passo importante na luta contra o preconceito, o casal preferiu que as três filhas - dos casamentos anteriores - não acompanhassem a cerimônia. "Ficamos com medo da exposição. Por causa da escola, elas poderiam vir a sofrer algum tipo de brincadeira constrangedora", ponderou Delisie.

Cerimônia
Foi em um sala completamente lotada por padrinhos, convidados e imprensa que os 32 noivos trocaram alianças no primeiro casamento gay coletivo de Campinas. O primeiro casal a formalizar a união foi a enfermeira Kátia Marins e o transexual Márcio Régis Vascon. Eles se conheceram quando o então guarda municipal fazia patrulhamento no local de trabalho dela.

Na sequência, foi a vez do jornalista Deco Ribeiro e da drag queen Lohren, que, após trocarem o tradicional beijo e alianças, festejaram com seis padrinhos e uma chuva de arroz entre os convidados.

“Agora posso dizer que eu tenho uma família. E ninguém mais pode negar esse direito que sempre tive, mas antes era negado”, reiterou Lohren.

Durante confraternização na Estação Cultura, os noivos foram recebidos por pelo menos 150 convidados, ao som da marcha nupcial, seguida da música "Eu sei que vou te amar" (Tom Jobim e Vinícius de Moraes).

Procura
A Prefeitura informou que houve 27 inscrições para a união coletiva no Centro de Referência LGBT, mas 11 casais desistiram de participar ao não quitar a taxa do cartório de R$ 340. Cada casal poderia levar dez convidados para a cerimônia e a organização da festa foi feita pelos noivos, com auxílio do centro de referência e espaço cedido pelo município.

Legislação
A norma que regulamenta o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo foi publicada pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) em dezembro do ano passado. Desde 1º de março, casais gays que quiserem oficializar a união não precisarão recorrer à Justiça.

O Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu o casamento gay em maio de 2011.



Fonte: G1

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